Biografia do Ney Fernandes

 

 

Biografia do compositor “Ney Fernandes”

 

Por: José Francisco Monteiro Baptista


“Nada me impede de apreciar, estudar e desenvolver tudo o que os grandes mestres nos deixaram como legado musical. De certo, ignorá-los e buscar recomeçar de novo, seria um acto rude de insensatez à nossa memória colectiva; Desenvolvimento, sim, imbuído de espírito inovador, que não se limite à reprodução inútil do que já foi criado. Afinal o universo musical é inesgotável e só tendo isto em consideração se poderá combater eficazmente o plágio!!! “

 

Manuel da Conceição Dias Fernandes, conhecido pelo nome artístico de “Ney Fernandes” é natural da Freguesia de Nossa Senhora da Graça – Praia, onde nasceu no dia 13 de Dezembro de 1954.

Viveu a sua infância e juventude, com a sua avó no plateau, na antiga Rua Sá da Bandeira, hoje Avenida Amílcar Cabral, tendo residido largos anos da sua vida no Quintal, lugar esse,  actualmente, chamado de 5.ªl  da Música. Este nome, convém realçar, faz jus à actual designação, por terem passado e residido nesse espaço, nomes sonantes do panorama musical cabo-verdiano, como Bala, João Joana, Pipita Bettencourt, todos já falecidos, ou ainda, Zé Kubala, Fortinho, Russo, Quim, entre outros.

Frequentou a Escola Grande no plateau, onde concluiu a sua instrução primária; fez o 1º e 2º anos de ciclo preparatório com o professor TONAS, já falecido; e, por fim, completaria o 3º Ano do Curso Geral, ex 5º Ano, nas Forças Armadas.

Os primeiros acordes foram-lhe ensinados por Emanuel Veiga “IMA” e, a partir daí, foi-se aprimorando até se tornar num exímio executante de violão acústico. Toca ainda o piano, com alguma à vontade.

iniciou na música aos 17/18 anos de idade, num ambiente  deveras propício. Viria a integrar vários grupos musicais de entre os quais o África Show, liderado por Cesário.

Ney Fernandes liderou e fundou, ainda, grupos musicais, com destaque para o Batuku Jazz, Voz das FARP, Djarama e Cimbodiana.

Ele que abraçou a carreira das armas, ascendeu ao posto de Major, tendo para tanto recebido preparação militar na República Socialista de Cuba, para onde seguiu no dia 03 de Março de 1975. Nesse país, permaneceu  de 28-04-1975 a 12-07-1976, na companhia de outros conterrâneos. Esteve, ainda, na República Federativa da Jugoslávia, onde recebeu formação militar no âmbito dos Serviços de Informação de Segurança.

Como compositor, os primeiros sinais surgiram nos anos de 1973/74, interpretando a morna “ Nôs Sufrimentu”. De entre outras composições, são ainda de autoria  do “Ney Fernandes”, as mornas “Partida”, “Nha Partida”, “Interu Kampunes”, “Rumansi D`Amor”; ou ainda os funanás “Pila Ku Nha Boi” , “Kumpadri Ambrozi”, ”Nha Bersu”, bem como as coladeiras “Brajeru”, “Kambalaxu”, “Mai di dos mama” etc, etc. Consta ainda como sendo do “Ney Fernandes” várias composições, assinadas pelo Bulimundo, não assumidas como verdadeiro autor, na altura, preferindo não as revelar por uma questão ético-musical.

Nesse longínquo ano de 1973/74, já se desdobrava na companhia de colegas, em serenatas pelo plateau e subúrbios da nossa capital – Praia, e, ainda, Assomada, levando músicas de intervenção política a destinatários pré seleccionados. Tal facto valeu-lhe, bem como colegas das lides, alguns dissabores por entre as instituições policiais e, ainda, tribunal.

Tem um estilo que lhe é peculiar, um dom melódico invulgar, explora os acordes em todas as suas dimensões e não se contenta com as nuances e variações musicais balizadas entre as Tónicas, Dominantes e Subdominantes, explorando com alguma mestria outras escalas. Um autodidacta por excelência , com largo conhecimento no mundo da música.

Zequinha, ou, simplesmente, “TXEKU”, já falecido, vocalista do ex-Bulimundo, foi e é, até presente, o artista que gravou em disco, maior número de composições da autoria do Ney Fernandes, aplicando-se o mesmo relativamente ao Conjunto Musical BULIMUNDU.

 

Em 13-12-2010

 

JOSÉ FRANCISCO MONTEIRO BAPTISTA “Zé Kubala”